Corinthiano

Novidades do Corinthians

Crise, Transparência e Reforma: Romeu Tuma Jr. expõe bastidores do Corinthians em coletiva reveladora




Em uma coletiva de imprensa realizada no Teatro do Corinthians, o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr., abriu o jogo sobre os bastidores do clube e detalhou os desafios, escândalos e medidas que vêm sendo tomadas para tentar reorganizar a instituição. Em meio a um dos momentos mais conturbados da história recente do clube, a fala de Tuma trouxe informações inéditas, denúncias graves e um apelo à transparência e responsabilidade institucional.

Assembleia decisiva no dia 9 de agosto

Um dos pontos centrais da coletiva foi a convocação da Assembleia Geral marcada para o dia 9 de agosto, onde os sócios decidirão se confirmam a destituição do presidente afastado, Augusto Melo. Segundo Tuma, todos os procedimentos legais estão sendo seguidos, com publicação da lista de associados aptos e a organização da estrutura para garantir segurança e lisura no processo. Ele reforçou que, caso a destituição não seja aprovada, o clube enfrentará uma situação de instabilidade, já que Augusto se tornaria elegível a retornar ao cargo, mesmo sendo alvo de diversos processos e inquéritos.

Reforma do estatuto: uma pauta histórica

Tuma foi enfático ao afirmar que a reforma do estatuto é sua prioridade absoluta desde que assumiu a presidência do Conselho. O projeto visa atualizar o estatuto com pautas como:

  • A inclusão do voto para o torcedor fiel;

  • Novos critérios de elegibilidade para cargos diretivos;

  • Transparência na relação com torcidas organizadas;

  • Fortalecimento dos mecanismos de fiscalização e compliance.

Apesar do texto da reforma estar praticamente pronto desde agosto de 2024, questões políticas internas e tentativas de sabotagem acabaram atrasando o processo. A pressão por parte de torcidas e protestos recentes, segundo ele, geram um efeito colateral: aumentam o receio dos conselheiros em aprovar o voto do torcedor, por medo de retaliações ou descontrole institucional.

Biometria e combate ao cambismo: economia e transparência

Um dos resultados positivos das ações recentes do Conselho foi a implementação da biometria facial nos acessos da Neo Química Arena. De acordo com os dados apresentados por Tuma:

  • Foram mais de 250 mil biometrias cadastradas;

  • Isso gerou uma economia de até R$ 350 mil ao clube;

  • O índice de falhas na leitura facial foi de apenas 0,2%, contra médias nacionais de 3 a 5%;

  • Evitou-se a redução da capacidade da arena, que poderia cair para 20 mil lugares por questões de segurança.

Além disso, foram identificados mais de 8 mil ingressos desviados de forma irregular durante a gestão anterior. Esses ingressos estavam sendo distribuídos sem controle, contratos ou prestação de contas, muitos ligados a camarotes, FielZone e torcidas organizadas. Isso gerava um prejuízo estimado em mais de R$ 1 milhão por jogo, favorecendo esquemas de cambismo.

Contratos suspeitos e auditorias

Tuma revelou também a existência de contratos firmados sem autorização legal, com renovações irregulares, cláusulas abusivas e ausência de análise jurídica. Entre os casos mais graves estão:

  • Contratos assinados no dia da votação do impeachment;

  • Empresas operando sem autorização da Polícia Federal;

  • Multas contratuais que chegavam a R$ 30 milhões;

  • Falta de documentação nos setores financeiro e jurídico.

Essas descobertas só foram possíveis graças à atuação conjunta das comissões do Conselho Deliberativo e da nova gestão interina liderada por Osmar Stábile, que, segundo Tuma, tem colaborado plenamente com a fiscalização.

Cartões corporativos: uso sem regras

O tema mais polêmico da coletiva foi o escândalo dos cartões corporativos. Tuma confirmou que o clube não possui nenhuma regulamentação interna para o uso desses cartões. Não há regras claras sobre quem pode usar, como justificar despesas ou como auditar gastos. A proposta do Conselho é extinguir os cartões corporativos imediatamente, substituindo por um modelo de reembolso sob comprovação, com aprovação prévia e prestação de contas formal.

O Conselho detectou inclusive que cartões ainda em nome de ex-presidentes, como Andrés Sanchez, estavam ativos e sendo utilizados, o que é considerado gravíssimo. Embora algumas despesas já tenham sido ressarcidas pelos ex-presidentes, o fato de não haver controle algum levou à abertura de investigações internas e à recomendação de mudanças urgentes.

Inquéritos e investigações: o papel do Conselho

Tuma explicou que o Conselho não tem prerrogativa legal para investigar crimes, apenas infrações estatutárias. No caso do Fiel Torcedor, houve recusa da antiga diretoria em colaborar com as apurações, motivo pelo qual o Conselho levou a denúncia à polícia. Já no caso dos cartões corporativos, a atual gestão tem colaborado e registrou um boletim de ocorrência informando que documentos fiscais foram furtados da sede administrativa.

Ele também revelou que já foi alvo de mais de 30 processos judiciais e está sendo pessoalmente atacado por grupos que tentam desqualificar o trabalho do Conselho. Afirmou, no entanto, que vai seguir cumprindo sua função dentro do estatuto, sem proteger ou perseguir ninguém.

Chamado à coerência e à responsabilidade

Em tom firme, Tuma comparou dois pesos e duas medidas: há pressão para punir ex-presidentes por gastos de R$ 10 mil (ainda que ressarcidos), enquanto outros, investigados por desvio de até R$ 40 milhões, estariam tentando retornar ao comando do clube. Segundo ele, permitir esse retorno seria um erro histórico e colocaria o Corinthians em um ciclo interminável de instabilidade.

Considerações finais

A coletiva terminou com Tuma reafirmando seu compromisso com a legalidade, a transparência e o respeito ao estatuto. Pediu o apoio da imprensa e da torcida na vigilância constante e alertou para os riscos institucionais caso a política interna continue sendo conduzida por interesses pessoais, pressões externas e narrativas manipuladas.


Conclusão: Um momento decisivo para o Corinthians

O dia 9 de agosto será decisivo não apenas para definir o futuro de um presidente afastado, mas para determinar se o clube quer seguir no caminho da responsabilidade institucional ou da velha política. A transparência, a reforma e a modernização são temas urgentes — e cabe à torcida, aos sócios e à imprensa fiscalizar para que o clube se torne cada vez mais limpo, democrático e forte.