Na tarde desta segunda-feira, o presidente interino Osmar Stabile concedeu uma coletiva à Corinthians TV marcando os primeiros 60 dias à frente do clube. Em um tom direto, firme e transparente, Stabile apresentou um balanço da atual gestão e reforçou o compromisso com uma mudança estrutural urgente no Parque São Jorge.
Stabile abriu a coletiva destacando que sua gestão tem como base a transparência. “Trabalhar com a verdade facilita. Você não precisa pensar, apenas falar”, declarou. Segundo ele, a missão é clara: “Não deixar uma herança maldita para o próximo presidente”.
Respondendo à imprensa, o presidente confirmou que a biometria provocou uma queda momentânea de público, mas também inibiu a ação de cambistas. “Tinha cambismo ainda, e vamos abrir boletim de ocorrência. Estamos investigando”, afirmou.
Uma das grandes surpresas encontradas foi o acúmulo de dívidas com jogadores, incluindo premiações do Paulistão e do Brasileirão. “Foram pagos R$ 3 milhões da dívida em três parcelas. O feminino também estava com pendências. Já estamos em dia”, explicou.
Stabile destacou que a maior transformação nesses dois meses tem sido estrutural: “Estamos organizando departamento por departamento, do sub-13 ao profissional. É gestão. O Corinthians precisa parar de correr atrás dos problemas e correr na frente”.
E completou: “Existem 120 formas de fazer. 119 já falharam. Só temos uma chance agora”.
A frase virou símbolo do novo momento: "Cortar na carne". Para ele, isso significa cortar gastos desnecessários, repensar contratos e repensar estruturas. “Demitir é ruim, mas às vezes é necessário. Só fica quem dá resultado”.
Diante dos rumores sobre rescisão ou renegociação do contrato do atacante holandês Memphis Depay, Stabile foi direto: “Até agora não houve nenhum contato. Mas se ele quiser conversar, estamos abertos. Vamos cumprir o contrato”.
O presidente fez um apelo à unidade: “Não quero apoio pra mim, quero apoio pro Corinthians. Quem quiser ajudar, venha. Quem não quiser, que fique de fora. Política agora atrapalha. A instituição tem que ser maior”.
Sobre as denúncias de gastos pessoais de ex-presidentes com o cartão corporativo do clube, Stabile disse: “Abrimos boletim de ocorrência. Alguns já admitiram. Cabe ao Conselho Deliberativo punir, e vamos apoiar isso”.
Ele também confirmou que notas fiscais de gestões anteriores estavam irregulares, mas já estão sendo corrigidas: “Estamos organizando tudo, uma por uma”.
A renovação com a Nike foi mantida com ajustes importantes. “Foi difícil, viramos a noite negociando. Mas preferimos ajustar a Nike a romper e ter um processo judicial. Agora, se não entregar, não fatura”, explicou.
Quando perguntado sobre transformar o clube em SAF, Stabile foi enfático: “Hipótese alguma. O Corinthians tem receita. Falta gestão. Recebemos o clube sem fluxo de caixa. Agora é hora de estruturar e entregar um Corinthians melhor”.
Após protestos das torcidas organizadas, Stabile revelou que já protocolou um pedido de revisão do estatuto do clube. “Mandei carta ao presidente do Conselho Deliberativo pedindo mudanças. Chegou a hora de modernizar”, concluiu.
Osmar Stabile, em tom sincero e direto, deixou claro: o momento é de reconstrução, e o Corinthians não pode mais errar. Ele assumiu o comando do clube no momento mais turbulento do século e está disposto a colocar ordem na casa. Mas sabe que sozinho não vai longe. O futuro depende da torcida, dos conselheiros e de quem realmente quer ver o clube organizado.
“O Corinthians precisa de todos. O torcedor não aguenta mais. É agora ou nunca.” – Osmar Stabile